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Desert Road

Childcare na Arábia Saudita - escola e babá

  • Foto do escritor: Beatriz Morgado
    Beatriz Morgado
  • 25 de jul. de 2024
  • 5 min de leitura

Atualizado: 31 de jul. de 2024

Olá a todos que ainda passam por esse blog de vez em quando, que quase sempre está às moscas, abandonado, precisando de carinho hehe

Eu estou mega ativa lá no Instagram, mas me recuso a abandonar o blog de vez - onde tudo começou. Afinal, quem me conhece sabe que o que eu gosto mesmo é de escrever.


Já faz 11 meses - quase UM ANO! - que estou morando na Arábia Saudita, aqui em Riyadh, e por mais que eu tenha registrado bastante coisa por fotos e vídeos, acho que estou precisando continuar a escrever, sem muito planejamento, de uma forma mas fluida e espontânea, porque a vida nesse país tão diferente merece esse registro.


Estou muito, mas muito feliz morando aqui. Nunca pensei que seria tão incrível. Posso dizer com firmeza de que estou vivendo uma das melhores fases da minha vida e sou muito grata por todas as oportunidades e experiências que esse país tem oferecido para mim e para a minha família desde que chegamos aqui.


O Liam está com 3 anos e meio e a Lily com 18 meses. Os dois estudam na escolinha do compound, atualmente, que é para crianças de até 5 anos. A escolinha fica a 5 minutos andando da nossa casa, levo e busco os dois a pé todos os dias, mesmo no calorzão, e é muito conveniente. As crianças adoram, nunca reclamam de ir pra lá, as professoras são muito queridas e atenciosas, e os coleguinhas de classe, quase sempre, são também nossos vizinhos, o que facilita na hora de organizar um playdate e fazer amizade com as outras mães.

Essa escola tem a abordagem Montessori, que eu sempre adorei, e acho muito legal o tipo de atividades que fazem com as crianças, desde pequenininhas. O ano letivo começa em setembro e vai até junho. Aí, a escola “de verdade” fecha e eles começam o “summer camp”, ou acampamento de férias, onde as crianças vão mais para brincar. Tem aula de natação, muita brincadeira com água e esse tipo de coisa, para que continuem ativas nesse calorzão que chega a fazer 45 graus.



Em setembro, o Liam vai sair da escolinha do compound e vai para a escola internacional, porque achamos que ele já está bem mocinho, bem “school ready”, pronto para uma aventura maior. A escola internacional que escolhemos tem um currículo britânico e fica pertinho de casa. Mesmo assim, não vou precisar dirigir, pois nosso compound oferece ônibus gratuito para as principais escolas internacionais de Riyadh todos os dias, o que é um privilégio enorme. Estou animada para essa nova fase! Acho que vai ser muito legal para o Liam - desde a experiência de pegar o ônibus escolar de manhã (eu vou junto, enquanto ele ainda for pequeno) - até o fato de mudar de uma escolinha “de bairro” para um colégio de verdade, com quadras esportivas, salas de aula equipadas, laboratórios, biblioteca e tudo mais! Ao mesmo tempo, fico com o coração na mão, quando me dou conta que ele está crescendo muito rápido!



Na escolinha atual, do compound, as crianças tem as aulas todas em inglês (com um sotaque bem árabe, pois nenhuma das professoras tem o inglês como língua nativa), e também tem aula de francês e de árabe 1x por semana. Legal, né?

Na escola internacional, o árabe faz parte do currículo (é obrigatório pelo Ministério da Educação da Arábia Saudita), o francês é extra-curricular (pago à parte) e as aulas são ministradas em inglês, quase sempre por professores britânicos.


Na idade do Liam e da Lily, as escolas não oferecem tantas atividades extra-curriculares e o dia acaba super cedo (mesmo nas creches), então, para quem trabalha o dia todo, fica complicado. Por isso, a maioria das famílias aqui na Arábia Saudita tem babás que ficam com as crianças depois da escola, e que tembém ajudam em coisas da casa.

Por causa do alto custo de moradia daqui, principalmente em Riyadh, também é muito comum as babás/ajudantes morarem nas casas das famílias, assim como eu morava com a minha host family quando eu fui Au Pair nos Estados Unidos, vocês lembram?



Desde o final do ano passado, temos uma babá incrível que mora com a gente e já a consideramos parte da família. O nome dela é Mercy, ela veio do Quênia, e já está na Arábia há mais de 2 anos. Ela é um anjo nas nossas vidas e já não consigo mais imaginar a nossa vida sem ela, ainda mais depois de todo o perrengue que passei na Inglaterra nos últimos 8 anos, sem ter ajuda de ninguém. Graças a ela e à rede de apoio que construí aqui com amizades maravilhosas, outras mães e pessoas de confiança, posso trabalhar tranquila, fazer academia, sair pra jantar com o marido (coisa que eu não fazia há mais de 3 anos) e cuidar da minha saúde mental, que é tão importante para que eu continue sendo uma mãe feliz, presente e PACIENTE, ainda mais com dois e longe da família.



A mão-de-obra aqui na Arábia Saudita é constituída por muitas pessoas que vêm de países mais pobres, como o Paquistão, a Índia, as Filipinas, Indonésia, Quênia, Uganda, Somalia, Eritrea e outros países da África e da Ásia. Muitas babás, empregadas domésticas, manicures e massagistas são africanas ou asiáticas, enquanto os homens, que trabalham como pedreiros, jardineiros e qualquer coisa mais “braçal”, geralmente vem do Paquistão e da Índia, você não vê sauditas trabalhando nessas áreas.

A maioria dessas pessoas vem para a Arábia Saudita porque aqui se paga bem. Ficam por aqui uma temporada, deixam filhos com as mães/pais/esposas no país de origem, economizam dinheiro e depois voltam.

Minha babá, que tem 26 anos, veio pra isso - ela tem dois filhos no Quênia, que moram com a mãe, e tanto ela quanto seus irmãos, estão pelo mundo afora trabalhando em um país onde os salários são mais altos, juntando uma graninha, para voltarem para o Quênia e darem uma vida melhor para eles.

O sonho dela é ser enfermeira e ela já começou a estudar pra isso. Desde que chegou aqui, aprendeu inglês e árabe SOZINHA, na marra - ela é super inteligente e esforçada, eu fico muito orgulhosa.

Ela sempre foi honesta e aberta para o fato de que não quer ficar aqui por muito mais tempo. Ela tinha planos de ir embora em março, mas está muito feliz com a gente, se sente parte da família, por isso resolveu estender a estadia aqui para juntar um pouquinho mais de din-din e voltar de vez pro Quênia.

Enquanto isso, aproveitamos a companhia e ajuda dela enquanto pudermos, mas sei que quando ela for embora, vai dar um aperto enorme no coração - não é fácil encontrar alguém que você confie tanto pra botar dentro de casa, cuidar dos seus filhos e fazer parte da família assim, mas já sou muito grata por tanto!


Vou parar por aqui e prometo voltar para contar mais sobre a nossa vida na Arábia Saudita. Espero que esse post tenha explicado um pouco mais sobre como funciona a parte de "childcare”, nessa vida de expatriada, longe da família. Era uma dúvida que eu tinha antes de vir pra cá e posso dizer que está sendo incrível. Estou mais feliz, me sinto uma mãe melhor, mais presente, mais disposta - e tudo isso graças à ajuda que recebo da minha nova rede de apoio, que me permite cuidar de mim, para que eu possa cuidar dos meus filhos.

Obrigada por lerem até aqui e até a próxima!

Bia



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1 Comment


georgia.niceas
Aug 01, 2024

Muito interessante esse aspecto da vida aí Bia! Vocês optaram por uma escola britânica pro Liam porque têm planos de voltar pra Inglaterra mais pra frente ou porque foi a melhor opção disponível para a família de vocês?

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